No Consultório De Um Certo Dr. Seligman, Em Londres, Uma Jovem Realiza Um Procedimento Sobre O Qual Temos Apenas Pistas. A Paciente Está De Pernas Para O Alto Enquanto Narra Em Detalhes Sua Vida E Seus Desejos, Em Especial As Lutas Que Trava Com A Própria Identidade Sexual, De Gênero E Nacional. Nascida E Criada Na Alemanha, Ela Vive Na Inglaterra Há Vários Anos, Determinada A Libertar-se De Suas Origens Familiares E Do Fardo De Pertencer A Uma Pátria Assombrada Pelas Atrocidades Cometidas Na Guerra. A Morte Recente Do Avô E Uma Herança Inesperada, Entretanto, Deixam Claro Que Não Se Pode Fugir Facilmente À Própria Vergonha, Seja Ela Física, Familiar, Histórica, Pátria, Ou Todas As Opções Anteriores. Ou Será Que Pode? Com A Ajuda Do Dr. Seligman, É O Que Procura Descobrir Nossa Narradora.
nesta Espécie De O Complexo De Portnoy Às Avessas, Ela Confessa Ao Médico Judeu Seu Fascínio Pelas Vítimas Do Holocausto, Ao Mesmo Tempo Em Que Admite A Profundidade Das Feridas Por Ele Abertas: “nunca Estivemos De Luto, No Máximo, Interpretamos Uma Nova Versão De Nós Mesmos, Histericamente Não Racista Sob Qualquer Perspectiva, E Negando Qualquer Diferença Sempre Que Possível.”
num Monólogo Que Retoma A Melhor Tradição Do Romance Neurótico, Ela Nos Conduz Por Uma Jornada Verborrágica Que Vai De Mães Controladoras E Fantasias Sexuais Com Hitler Até As Propriedades Medicinais Da Cauda Do Esquilo, Passando Pela Inusitada Ideia De Que As Mudanças Anatômicas Podem Servir De Reparação Histórica.
hilário E Mordaz, Implacável E Profundamente Honesto, A Consulta É Uma Estreia Literária Audaciosa, Que Desafia Nossas Noções Do Que É Fluido E Do Que É Imutável, Provocando-nos A Pensar Sobre As Formas De Fazer As Pazes Com Os Outros E Conosco No Século 21.