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baile De Máscaras: Odiário Da Peste Continua A Experiência Crítica Através Da Expressão Poética De Pensar O Momento Presente Que Se Vive E O País, Contra O Estado De Coisas A Que Estamos Submetidos. Sincronicamente, Essa Reflexão Se Situa Nos Dois Anos Da Pandemia De Covid, 2020-2021, Chegando Até O Primeiro Semestre De 2022, Compreendendo Dois Anos E Meio Do Desgoverno Do Recruta Zero, Como Ironiza O Autor. Quanto A Esse Período, Este Livro Se Soma A In Fuck We Trust, De 2020, Que Contém Poemas Sobre O Primeiro Ano De Desgoverno E A Farsa Da Lava Jato, Antecedido, Por Sua Vez, Pelo Livro Gambiarra – Uma Pinguela Para O Futuro Do Pretérito (2018), Que Reflete Sobre O Golpe De Estado Aplicado Em Dilma E O Mandato Tampax Do Golpista Temer, Indo Até A Prisão De Lula. Reafirmando Que O Escritor Está Sempre Na Corda Bamba Sobre O Abismo Do Enfrentamento, O Autor Reitera A Ideia De Antagonismo Crítico, Presente Também Em Livros Como Contrapoéticas (2020) E Espantalhos (2017), De Ensaios, Ou Nos Livros De Poemas Os Mortos Na Sala De Jantar (2007), Entre Outros, Investindo Contra A Prática De Um Lirismo Metafísico Que Resta Apenas Condoído E Compõe Poemas Que Sugere “brincantes Entre A Ética E A Dialética, Afinados Por Uma Antitética” Que Primam Pela Reflexão Irônica Ácida. Assim, De Poema Em Poema, Demarchi Passa Pelo Cenário De Guerra E Destruição Em Que Está O País, Descrevendo-o Com Senso De Humor Cortante Com Temas Sugestivos Como “baile De Máscaras Opacas”, Que Ironiza Tanto O Comportamento Dos Brasileiros Na Pandemia Quanto O Mascaramento Cínico Da Política Instalada No País. “velório Plácido Retumbante”, Outro Conjunto De Poemas Do Livro, Faz O Registro Do Definhamento Dos Valores Éticos E Políticos, Assim Como “odiário De Notícias”, Num Outro Viés, Percorre Uma Espécie De Noticiário Dos Acontecimentos Mais Aberradores, “secreções Do Confinamento” Registram Os Disparates Individuados Das Pessoas Submetidas À Barbárie, Assim Como “necrocracia Burlesca” Faz O Desfile Da Mortandade Como Uma Ideologia Aplicada Para A Destruição Em Tom De Espetáculo. A Última Parte Do Livro, “féretro Da Mãe Gentil”, Encena O Enterro Simbólico De Uma Ideia De Nação Que Está Em Execução No País. Ainda Que Se Referindo Ao Momento Presente, Tão Recente, A Sensação, Quando Se Lê, É De Que Tudo Envelhece Muito Rápido E O Tempo Passou Célere Apesar Do Período Tão Curto Em Que Foca. Assim, O Leitor, Além De Rememorar O Insólito, Passa Pelos Poemas, Agora Não Mais Como Um Vivente Do Que Se Descreve, Mas Como Um Espectador Desse Espetáculo Que Tem Sido A Encenação Da Barbárie E Da Destruição De Um País E Do Que Ele Poderia Ter Sido. É De Se Perguntar: Onde Estaria O Otimismo Do Autor Para Superar Essa Desolação? Aparentemente Encontramos Apenas O Ceticismo Como Modo Operante E, Se Existe, Está No Fato De Que Continua Escrevendo E Publicando Como Uma Forma De Resistência E De Luta, Pois Um Dos Poemas É Incisivo Em Sua Mensagem Quanto Ao Que Se Pode Esperar: “mensagem À Nação – Abandonai Ó Vós Que Aqui Estais/ Toda A Esperança E Seus Vãos Ais”. Resta Ao Leitor, Enquanto As Urnas Não Chegam, Agir Como Se Votasse Reiteradamente Lendo Cada Poema Como Um Voto Contra A Barbárie.
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