Relato Biográfico, Romance De Autoficção, Crônicas De Uma História Musical? A Composição É Aberta Às Mais Diversas Interpretações, Com Sua Variedade De Ritmos, Modos E Tempos Formando Um Mosaico Muito Particular (e Universal) De Uma Trajetória De Vida Construída Em Torno Da Arte. Henry Burnett Faz Da Música Literatura Nesse Livro Delicioso, Costurado Com Apuro E Graça Pelo Fio Da Memória, Compartilhando Com O Leitor Suas Vivências Desde A Infância No Pará Até As Viagens Pelo Mundo. Pontuada Por Diversos “takes” Que Podem Ser Lidos Como Ensaios Autobiográficos E Que Ilustram O Chamado Da Música Para A Vida, A Narrativa Nos Traz O Retrato Do Artista Quando Jovem Sob O Ponto De Vista Do Escritor-filósofo Já Maduro, Artista De Muitas Faces Que Estreia Vigorosamente Na Literatura.
“tem Belém, Ananindeua, Aberdeen, Fotos Em Preto E Branco, A Tia De Origem Escocesa, Caetano, O Ídolo Absoluto, A Igreja E Suas Promessas Sensuais, Berlim, O Pai Perdulário, Drummond, O Professor Benedito, Tanta Coisa Desse Norte Longínquo E Inalcançável! Mais Do Que Fixar Imagens Passadas Ou Eternizar Recordações Nostálgicas, O Desafio Constante Que Enfrenta O Narrador Aqui É De As Acolher Com Certa Suspeita, Ironia, Humor. E Sobretudo, Talvez, Nelas Detectar A Matéria Bruta Que Terá Servido Para Canções Onde Foi Sendo Depositada Por Ele, Apesar De Tudo, Uma Esperança. De Modo Que Aqui Ou Ali Há Uma Estrofe Saborosa, Como Cantar É Trepar Pra Ter Par. Mpb Do Norte, Definiu Um Alguém, ‘o Maior Compositor Da Pedreira’, Fincou Outro. Fica A Impressão De Que Os Fragmentos Deste Livro Almejam Sobretudo, Muito Modestamente, Dar-lhes Passagem.” [peter Pál Pelbart]
“a Construção Narrativa É Fragmentária, Por Vezes Sem Encaixes, Com Cortes Não Lineares. E A Memória É Sempre Imprecisa E Oscilante. Portanto, Trata-se De Uma Aposta De Outro Tipo, Pelo Limiar De Uma Demanda Distinta Que, Exterior Aos Meandros Usuais, Atravessa A Literatura Pelas Extremidades, Bordas Ou Mesmo ‘fora Total’. É Isso Que Henry Burnett Nos Traz No Conjunto Dos Seus Fragmentos.” [nilson Oliveira]