Em Meados Do Século Xix, A Amazônia Atraía Viajantes De Diferentes Perfis, De Nobres E Milionários A Naturalistas De Primeiro Time. A Região Estava No Centro De Uma Acirrada Disputa, Em Que Atuavam O Império Brasileiro, As Nações Que Compartilhavam A Floresta E Países Como Estados Unidos E Inglaterra. Foi Nesse Contexto Que O Artista Hispano-americano Nicolau Huascar De Vergara Atravessou A Região, Por Terra E Por Rio, De Dezembro De 1860 A Julho De 1861. No Ano Seguinte, Publicouo Amazonas, Um Relato De Sua Viagem, No Principal Jornal De São Paulo, Cidade Onde Passou A Viver. Emo Amazonas, Os Limites Entre Ficção E Relato Verídico São Muitas Vezes Borrados, E O Relato Traz Muitas Perguntas Ainda Sem Resposta: Por Que O Narrador Empreendeu A Viagem? Aonde Pretendia Chegar? Qual Seu Ponto De Partida? Por Outro Lado, O Texto Traz Referências Geográficas Precisas. Graças A Elas, É Possível Refazer O Percurso Da Viagem De Mais De 4 500 Quilômetros Desde Algum Lugar Na Cordilheira Dos Andes Até Belém Do Pará, Atravessando Povoações Ribeirinhas, Rios E Matas Em Trilhas Abertas Pelos Indígenas. Huascar De Vergara Não Era Naturalista, Militar Ou Comerciante. É Conhecido Sobretudo Por Sua Atuação Como Ilustrador, Caricaturista, Pintor E Cenógrafo. Sua Narrativa Até Hoje Praticamente Esquecida Não Vê Os Indígenas Como Inferiores. Com Isso, Opera Uma Mudança De Foco Curiosa E Pouco Comum Naqueles Anos De Grande Força Do Discurso Racial De Fins Do Século Xix. Desde Os Primeiros Relatos De Viagem Pela Amazônia, A Região Encanta E Seduz, Com Suas Riquezas Conhecidas, Potenciais E Também Imaginadas. Ler O Relato De Huascar De Vergara É Uma Viagem Ao Passado Da Floresta E Traz A Possibilidade De Contar A História De Um Lugar Que Tem Sido Objeto De Disputa Internacional Há Séculos E Que Hoje, Mais Do Que Nunca, Está No Centro Das Discussões Sobre A Preservação Da Vida No Planeta.