Os Pensamentos São Vaporosos, Neblinas Que Se Interpõem Entre O Interior E O Exterior. É Neste Nevoeiro Que Podemos Projetar Nossa Imagem E É Daí Que Divisamos Um Espectro De Nosso Sujeito. Esse Eu É Um Fantasma Revestido De Pensamento, Ou Melhor, De Pensares. Este É Um Convite Para Um Passeio Cuja Arte Não Está Em Ensinamentos, Mas Em Como Podemos Dançar Pela Mente, Trovar Pelo Imaginário E Resistir Às Conclusões. Quando O Verbete-pensar Lhe Levar À Poética, Resista, Mais Ainda Se Lhe Levar À Prosa. Em Vapor Dos Vapores Dicionário De Pensares, Nilton Bonder Distingue Um 'pensamento' De Um 'pensar'. O Primeiro Diz Respeito À Nossa Capacidade Comum A Todo Ser Humano De Responder Aos Questionamentos Que Fazemos À Vida Pelas Vias Da Racionalidade E Do Lógico. Entretanto, Por Ser Incrivelmente Múltipla, Dinâmica E Rica, A Vida Ultrapassa (e Muito!) Tais Questionamentos Que Sob Alguns Aspectos Podem Até Ser Limitadores. É Aí Que Descobrimos Outra Forma De Questionar E Indagar, Própria Justamente Aos 'pensares'. Porque Um 'pensar' É Algo Mais Próximo Do Efêmero E Do Passageiro Do Que Do Definitivo, Mais Próximo Da Contemplação E Do Sonho Do Que Do Cogito. O Pensar É Um 'vapor Existencial', Como Aqueles Sobre Os Quais Nos Ensina O Rei Salomão. Na Forma De Um Dicionário, Nilton Bonder Reflete Sobre Essa Distinção. Seus Verbetes Têm Sabor Ao Mesmo Tempo Poético, Filosófico, Artístico E Até Humorístico Ao Modo De Autores Clássicos Que, Em Seu Tempo, Também Utilizaram Uma Escrita Breve, Simples E Certeira Para Tratar Dos Grandes Temas Da Existência Humana: Voltaire, Machado De Assis, Nietzsche, Montaigne... É Que, Para Refletirmos Sobre Assuntos Sérios E Existenciais, Não Precisamos (nem Devemos), Segundo Bonder, Ser Rigorosos E Usar Apenas A Cabeça-que-pensa, Mas Também Reclamar As Emoções, O Humor E A Leveza Como Quem Faz Uma Caminhada Ao Ar Livre. Estando Presentes, Sendo Quem Realmente Somos E Com A Devida Profundidade Só Assim É Que 'podemos Projetar Nossa Imagem, E É Daí Que Divisamos Um Espectro De Nosso Sujeito'.