Walter Benjamin Foi Um Profanador Da Tradição, Uma Espécie De Anjo Satanás – Aquele Que Carrega Rebelião E Iluminação Profana. Walter Benjamin Pode Ser Pensado Como Um Rabbi Marxista Cuja Teologia Havia Se Materializado Através De Sua Relação Com Os Objetos, Seu Medium Era A Linguagem, Sua Força De Pervivência: A História, A História Dos Excluídos. Assim, Benjamin Via Na Pauperização Moderna Dos Processos De Preservação Da Memória, Bem Como Na Manipulação Estética Da Política, O Avançar Do Inimigo Que Não Cessava De Vencer: A Barbárie. Mas Ele Sempre Deixou Igualmente Muito Claro Que “não Há Documento De Cultura Que Não Seja Também Documento De Barbárie”. Disso Decorre Nosso Ceticismo Em Relação À História E Àqueles Que A Escreveram. O Que Nos Leva, Imediatamente, Ao Apelo Por Uma Ética Da Memória Que Seja Capaz, Mesmo Que, Gestualmente, Ler A História A Contrapelo. Não Nos Admira Que Uma Das Palavras Mais Recorrentes Nos Textos Desse Rabino Marxista Seja Tarefa. Mas Qual Era A Sua? Ensinar-nos A Ler O Invisível, O Mudo, O Inaudito. Ou Até Mesmo Ler O Que Ainda Não Foi Escrito, Fazer Pulsar O Sintoma Dos Interstícios, Das Cesuras, Dos Limiares Da História. Desse Modo, O Livro Walter Benjamin: Barbárie E Memória Ética Revela-se Em Uma Reunião De Textos Que Colocam Em Jogo Nesse Spielraum, Nesse Espaço De Discussão Dialética, O Pensamento Constelacional E Imagético De Walter Benjamin. Sobretudo Em Tempos Sombrios, A Tarefa De Elaboração De Um Pensamento Ético, Aqui Proposto Pelos Autores, Será A Provocação De Um Verdadeiro Estado De Exceção Que Não Corresponda Ao Atual.